quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Vivendo a plenitude de cada instante


        Neste último dia do ano, a maioria das pessoas no mundo inteiro busca dar sentido às suas vidas, por meio da esperança em um novo ano que se aproxima. Grande parte reflete sobre os acontecimentos passados, vivenciados ao longo do ano de 2008, na intenção de planejar as ações futuras para 2009. Sob a influência ilusória da mente pequena (mente-ego) e seus condicionamentos, analisamos o que fizemos de acordo com a visão dualística do certo e do errado, e estabelecemos metas para o ano vindouro.

Dessa maneira, entra ano e sai ano, vamos tocando nossas vidas, num automatismo inconsciente, buscando no passado inspiração para o futuro, e mesmo assim não logramos alcançar a felicidade. Ao final de cada ano, o resultado dessa infrutífera contabilidade de propósitos, traduz-se na percepção de insatisfação, incompletude, infelicidade, sofrimento.

Em verdade, poucos de nós nos lembramos de viver o momento presente, aqui e agora. Não percebemos que desenvolver a plena atenção em cada momento de nossas vidas, é a chave para nos libertarmos dessa ilusória realidade virtual criada pelo ego, e assim podermos ter a experiência direta da felicidade, que por sinal, sempre esteve presente em nós.

Alguns seres iluminados que se manifestaram na dimensão física do planeta Terra, experimentaram a unicidade da vida, superando a ilusão da impermanência que nos rodeia. Foram além da Matrix ilusória criada pela mente-ego, e dissolveram as dualidades da vida na plenitude do Ser.

Para isso, utilizaram-se da correta compreensão de que o homem, em essência, é perfeito, e, em sendo assim, o universo inteiro está contido nele. Portanto, não existem desejos, nem expectativas de ganho, pois tudo que está fora já existe no Ser.

Por meio, tanto da atitude quanto da compreensão correta, desenvolveram uma tecnologia eficiente e eficaz de observação de si mesmos, baseada na plena atenção em tudo que se faz, sem deixar que as recordações do passado ou a ansiedade pelo futuro perturbem a quietude da mente do observador.

Aplicando essas práticas em suas próprias vidas, estes seres transbordantes de compaixão, traçaram com suas pegadas luminosas um auspicioso caminho que, se trilhado com o esforço correto, conduz à percepção direta do Ser ao dissolver a ilusão da mente-ego e suas dicotomias, geradoras do sentimento de separatividade, base de todo o sofrimento humano.

Um desses seres, Sidarta Gautama, o Buda, estruturou seus ensinamentos a partir de quatro princípios por ele denominados de quatro nobres verdades que, mais do que crenças religiosas, expressam ações a serem realizadas pelo buscador: 1 - compreender de forma correta o sofrimento; 2 - por meio da compreensão correta abrir mão das origens do sofrimento; 3 - livre dos grilhões da origem do sofrimento, ou seja, do desejo ou anseio egoísta, alcançar a cessação do sofrimento; 4 - ao experimentar, mesmo que por um momento fugaz, a bem aventurança da ausência de sofrimento, decorrente da observância das três nobres verdades anteriores, torna-se necessário cultivar o nobre caminho óctuplo (visão correta, intenção correta, discurso correto, conduta correta, correto viver, esforço correto, correta atenção, concentração correta), verdadeiro programa de tratamento prescrito por Buda a fim de curarmos definitivamente a doença ilusória do sofrimento que assola o ser humano - a busca febril pela satisfação do ego.

Nos séculos que se seguiram após Buda, esse tratamento foi ministrado com uma roupagem religiosa denominada Budismo, mas, conseguiu manter sua proposta inicial de um caminho para libertação do sofrimento. Em verdade, assemelha-se muito mais a um método ou treinamento universal, a ser praticado de forma diária e constante, por qualquer buscador interessado na verdade, independente de crenças ou condicionamentos religiosos.

E um dos grandes expoentes na divulgação desse caminho foi o mestre zen japonês Eihei Dogen zenji (1220-1253). Ardoroso praticante e divulgador da shikantaza – a prática de viver plenamente cada momento – Dogen zenji dizia: “Quando não temos expectativa alguma, podemos ser nós mesmos. Essa é nossa maneira, nosso caminho, viver plenamente cada momento do tempo”. Para ele, o zazen – a prática de sermos nós mesmos – devia ocorrer em todos os instantes da vida cotidiana do buscador, e não apenas nos momentos em que nos sentamos para meditar.

Assim, nesta época de final de ano, em que dominam dolorosas reflexões do passado e incertas expectativas sobre o futuro, compartilho abaixo com vocês, o primeiro texto escrito pelo mestre Dogen zenji , o Fukanzazengi - uma recomendação universal sobre o Zazen - onde ele explica o significado do zazen e como praticá-lo.

Na procura incessante por uma saída da Matrix, este foi um dos textos que trouxeram quietude à mente e ao coração, transformando completamente minha compreensão sobre o caminho, a busca e o buscador.

Que em 2009 e em todos os anos vindouros, possam todos os seres se libertarem da ilusão do sofrimento, vivendo cada momento presente com plena atenção e correta compreensão.

Belo Horizonte, 31/12/2008.

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FUKANZAZENGI

Mestre Dogen

Tradução: Marcos Beltrão

http://www.marcosbeltrao.net/

Agora, quando traçamos a fonte do caminho, descobrimos que é universal, e que é absoluto. Torna-se desnecessário distinguir entre “prática” e “iluminação”. O ensinamento supremo é livre, então porque deveríamos estudar os meios de o atingir? O caminho está, não é necessário dizê-lo, muito longe da ilusão. Porque, então, ficar preocupado com os meios de eliminar a ilusão?

O caminho está completamente presente onde estás, então do que adiantam prática e iluminação? Contudo, o fato é que se houver a menor diferença, desde o começo, entre você e o caminho, o resultado será uma separação maior ainda que aquela entre o céu e a terra. Se surgir o menor pensamento dualista, perderás tua mente de Buda. Por exemplo, algumas pessoas estão orgulhosas de suas compreensões, e acham que estão ricamente agraciadas com a sabedoria do Buda. Crêem que já ganharam o caminho, iluminaram suas mentes, e ganharam o poder de tocar os céus. Crêem que estão perambulando no reino da iluminação. Mas o fato é que quase perderam o caminho absoluto, que está além da iluminação mesma.

Devemos prestar atenção de que mesmo o Buda Shakyamuni praticou Zazen durante seis anos. Dizem que Bodidharma teve que praticar zazen no Templo Shao-lin durante nove anos para poder transmitir a mente-de-Buda. Já que estes sábios de antanho eram tão diligentes, como podem os praticantes do dia presente deixarem de praticar o zazen? Devemos parar de correr atrás de palavras e letras e aprendermos a nos retirar e refletir sobre nós mesmos. Ao fazermos isso, nosso corpo e mente naturalmente cairá fora, e nossa natureza original de Buda aparecerá. Se desejarmos realizar a sabedoria do Buda, devemos começar a praticar imediatamente.

Ao fazermos zazen, é desejável que tenhamos um quarto calmo. Devemos ser moderados no comer, beber, deixando de lado todo relacionamento delusivo. Deixando tudo de lado, não pensemos nem no bem, nem no mal, nem no certo, nem no errado. Assim, tendo detido as várias funções da mente, desistamos mesmo da idéia de nos tornar Buda. Isso vale não apenas para o zazen, mas para todas as ações diárias.

Geralmente um acolchoado quadrado é colocado no chão onde sentamos, e em cima disso é colocada uma almofada redonda. É possível sentar, seja na posição de lótus, ou de meio-lótus. Na primeira, se coloca o pé direito na coxa esquerda, e em seguida se coloca o pé esquerdo na coxa direita. Nesta última, apenas se coloca o pé esquerdo na coxa direita. As roupas devem ser do tipo folgadas, mas bem arrumadas. Em seguida, coloca-se a mão direita no pé esquerdo, e a palma esquerda em cima da mão direita, com as pontas dos polegares se tocando de leve. Sentemo-nos perfeitamente eretos, nem inclinados para a esquerda, nem para a direita, nem para frente, nem para trás. Nossos ouvidos devem estar no mesmo plano que nossos ombros e os nossos narizes alinhados com o umbigo. A língua deve estar colocada contra o céu da boca, e os lábios e dentes firmemente cerrados. Com os olhos continuamente mantidos abertos, devemos respirar calmamente pelas narinas. Finalmente, tendo regulado corpo e mente desta forma, tomemos uma respiração profunda, movamos nosso corpo para frente e para trás, para a esquerda e para a direita, e então, devemos sentar firmemente quanto um rochedo. Pensemos no não-pensar. Como assim? Pensando além do pensar e do não-pensar. Esta a base mesma do zazen.

O zazen não é “meditação passo-a-passo”. Ao invés é tão somente a agradável e fácil prática do Buda, a realização da sabedoria do Buda. Eis que aparece a verdade, não mais havendo ilusão. Se isto chegarmos a entender, estaremos completamente livres, como um dragão que obteve água, ou um tigre reclinado na montanha. A lei suprema aparece sozinha, e eis que nos acharemos por completo, libertos de todo tipo de cansaço, bem como de qualquer tipo de confusão.

Ao terminar o zazen, devemos mover levemente o corpo, vagarosamente, e nos levantar calmamente. Não nos devemos levantar ou mover violentamente ao término do zazen.

Com a força do zazen, se torna possível transcender a diferença entre o “comum” e o “sagrado” e podemos ganhar a habilidade de morrer enquanto fazendo zazen ou enquanto de pé. Além do mais, é perfeitamente impossível para nossa mente discriminativa, compreender, seja como os Budas e Patriarcas procuravam exprimir a essência do Zen a seus discípulos, com o dedo, vara, agulha ou martelo, ou como eles passavam a iluminação com um hossu*, punho, bastão, ou grito. Nem pode este assunto ser captado através de poderes sobrenaturais, ou através de uma visão dualística da prática e iluminação. O zazen é a prática além dos mundos objetivos e subjetivos, além do pensamento discriminativo. Portanto, não se deve discriminar entre o inteligente e não-inteligente. Praticar o caminho de todo o coração, é isto mesmo, a iluminação em si. Não existe separação entre prática e iluminação, ou entre zazen e vida cotidiana.

Os Budas e Patriarcas, tanto neste país quanto na Índia e na China, preservaram cuidadosamente a mente de Buda e incentivaram assiduamente o treinamento Zen. Devemos, pois, nos devotarmos completa e exclusivamente, isto é, estarmos completamente absortos na prática do zazen. Apesar de ser dito que existem muitas formas de compreender o Budismo, eis que devemos fazer apenas o zazen, e nada mais. Não existe qualquer razão para deixarmos nosso assento de meditação e fazermos fúteis viagens a outros países para buscarmos isto. Se nosso primeiro passo estiver errado, imediatamente tropeçaremos.

Tivemos já a boa sorte de termos adquirido este precioso nascimento com o corpo humano, então tratemos de não mais desperdiçarmos nosso tempo à toa. Agora que sabemos o que é a coisa mais importante no Budismo, como possivelmente poderíamos ficar satisfeitos, ou contentes, com o mundo transiente? Nossos corpos são como o orvalho nas relvas, e nossas vidas como o lampejo do raio, que num só momento se vai embora.

Sinceros praticantes do Zen, não fiquem nem um pouco surpresos por um dragão de verdade, ou gastem muito tempo inutilmente apalpando apenas uma pequena parte do elefante. Se esforcem no caminho que indigita diretamente nossa natureza de Buda original. Respeitem aqueles que já ganharam o conhecimento completo, e que nada mais têm a fazer. Tornem-se uma só coisa com a sabedoria dos Budas e sucedam à iluminação dos Patriarcas. Eis que se fizermos o zazen durante certo tempo, isto tudo seremos capazes de realizar. A casa do tesouro então se abrirá automaticamente, e seremos capazes de gozá-la o quanto quisermos.

* Hossu: abanador de moscas ou insetos.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Liberdade



Estou em viagem de férias. Após dez dias de sol e calor nas praias de Natal/RN, enfrento agora a chuva e o frio em Belo Horizonte, a bela capital mineira.

Escrevo, enquanto lá fora as gotas de água, de forma simples e natural, realizam a função para a qual foram criadas.

A chuva, ao cair sobre a terra, não quer nada em troca.

Não busca alcançar algo e, por isso, não sofre com o anseio do ganho.

Não pensa nos benefícios da sua ação, nem tampouco nas coisas que serão beneficiadas por ela.

Não se acha diminuída por reverenciar homens e animais, lavando-lhes e refrescando-lhes os pés em forma de riachos e fontes.

Em sua expressão líquida, está presente em tudo e nem por isso se vangloria da Natureza.

Não deseja ser importante, nem tampouco especial.

Apenas cai de forma livre, sem condicionamentos, e graças a essa liberdade a vida brota sobre a terra...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ir Real


Desperto do sonho de viver. O real
É como um espectro que vaga em mim,
E sem rumo, navego o mar do (ir)real,
Instigante, misterioso e sem fim.

Ergo o véu da rotina, e meu olhar,
Cansado do finito, atrai o céu
Enquanto a terra segura, de além mar,
Zomba de mim, barco á deriva, ao léu.

Brada o corpo inconsútil a súplica:
Ó terra, devolva-me às estrelas
Pois a mim essa vida não se aplica.

Sou (ir)real. Sou (ir)real. Não existem formas
Que me caibam assim tão vago e aflito.
Quero espedaçar-me contra o infinito.

© Who – Brasília/DF

domingo, 9 de novembro de 2008

Mente de Principiante


"Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito."

As pessoas dizem que é difícil praticar Zen, mas há um mal-entendido quanto ao "porquê". Não é difícil porque seja árduo sentar-se de pernas cruzadas ou atingir a iluminação. É difícil porque é árduo manter a mente pura ou a prática pura em seu sentido fundamental. A escola Zen desenvolveu-se de muitas maneiras depois de estabelecida na China mas, ao mesmo tempo, tornou-se cada vez mais impura. Contudo, não é sobre o Zen chinês ou sobre a história do Zen que eu quero falar. O que me interessa é ajudar você a manter sua prática livre da impureza.

No Japão, dispomos do termo shoshin, que significa "mente de principiante". O objetivo da prática é conservar nossa "mente de principiante". Suponhamos que você recite o Prajna Paramita Sutra uma só vez. Poderia ser uma boa recitação. Mas o que lhe acontecerá se o recitar duas, três, quatro ou mais vezes? Você poderia facilmente perder sua atitude original em relação a ele. O mesmo acontecerá com suas outras práticas Zen. Por algum tempo você manterá sua mente de principiante, porém, se continuar a prática um, dois, três anos ou mais, embora você possa melhorar em alguns aspectos, é possível que perca o sentido ilimitado da "menteoriginal".

Para os estudantes do Zen, o mais importante é não serem dualistas. Nossa 'mente original" inclui em si todas as coisas. Ela é sempre rica e auto-suficiente. Você não deve perder esse estado mental auto-suficiente. Isto não significa uma mente fechada e sim, na verdade, uma mente vazia e alerta. Se sua mente está vazia, está pronta para qualquer coisa; ela está aberta a tudo. Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito.

Se você discrimina demais, você se limita. Se é exigente ou ambicioso em excesso, sua mente não é rica nem auto-suficiente. Se nossa mente perder sua auto-suficiência original, todos os preceitos se perderão. Quando sua mente se torna exigente, quando você anseia por algo, você acaba por violar os preceitos: não mentir não roubar; não matar, não ser imoral e assim por diante. Se você conservar sua mente original, os preceitos se manterão por si próprios.

Na mente do principiante não há pensamentos do tipo "eu alcancei algo". Todos os pensamentos egocentrados limitam a vastidão da mente. Quando não alimentamos pensamento nenhum de conquista, nem pensamentos egocentrados, somos verdadeiros principiantes e podemos então aprender alguma coisa de fato. A mente do principiante é mente de compaixão. Quando nossa mente é compassiva, torna-se ilimitada. O mestre Dogen, fundador da nossa escola, sempre enfatizou a importância de preservar nossa mente original ilimitada. Com ela somos verdadeiros conosco, estamos em comunhão com todos os seres e podemos, de fato, praticar.

Assim, a coisa mais importante é manter sua "mente de principiante". Não há necessidade de ter uma profunda compreensão do Zen. Mesmo que você leia muita literatura Zen, deve ler cada frase com uma mente virgem. Nunca deve dizer: "Eu sei o que é Zen' ou "eu atingi a iluminação". O real segredo das artes também é esse: ser sempre um principiante. Seja muito cuidadoso nesta questão. Se começar a praticar zazen, você começará a valorizar sua mente de principiante. Este é o segredo da prática do Zen.


Extraído do livro Mente Zen, Mente de Principiante - Shunryu Suzuki

domingo, 26 de outubro de 2008

Vivendo Zen

Viver Zen não significa se retirar do mundo. Ao contrário, significa ser devolvido ao mundo, com um novo olhar, uma nova percepção. Viver Zen é descobrir novas luzes em tudo que fazemos, por meio da satisfação da consciência plena.

No Zen, o maior milagre é sentar-se em silêncio consigo mesmo e simplesmente perceber que as coisas são como elas são, como realmente são. Isso faz a vida ser suficiente. Talvez, fosse o que o inspirado apóstolo Paulo de Tarso quisesse nos dizer quando afirmou "Aprendi a contentar-me com o que tenho".

Se não conseguimos descobrir o sentido da vida num simples ato da nossa rotina diária, como, por exemplo, lavar pratos, certamente, este sentido não será descoberto em lugar algum, pois aquilo que é aparentemente finito-comum está cheio do infinito-divino.

Vivemos sob a égide de opostos, aparentemente antagônicos: falso-verdadeiro, finito-infinto, aceitação-rejeição, vida-morte, ódio-amor, etc. E não nos damos conta de que essa aparente polarização ou dualidade é apenas uma faceta da unidade. Uma unidade que permeia tudo e todos, e torna os opostos complementares.

Neste sentido, a experiência direta - do tipo "faça você mesmo" - pode conciliar em nós a aparente contrariedade dos opostos que a vida nos apresenta. Para isso, é preciso viver a plenitude de cada momento, sem expectativas. Viver cada minuto, cada hora, cada dia, como se fosse o último: esse o segredo do viver Zen.

E isso ocorre quando compreendemos que o tempo é meramente uma ilusão. A preocupação com a noção de tempo (hoje, amanhã, ontem) dá início a uma prática egoísta. Passamos a viver das experiências acumuladas na memória, por meio de comparações, expectativas e ansiedades. Não conseguimos observar a natureza real das coisas, sem pré-julgamentos e nem preconceitos. A partir daí nasce o sentimento de separatividade, de diferença entre nós, os outros e as coisas que nos rodeiam. Esse é o mundo da mente-ego, geradora da ilusão da Matrix que nos aprisiona na roda viva do Carma.

Quando nos libertamos dos grilhões dessa falsa percepção do tempo, e passamos a viver o momento presente – aqui e agora – surge então o reto agir, fluindo sem obstáculos, levando-nos sempre adiante e transformando nossas vidas em instantes de beleza e bem-aventurança. Esse é o estado que o mestre Shunryu Suzuki denomina de mente de principiante, a mente em sua pureza original, livre dos reflexos e hábitos milenares do ego.

Somente assim, saboreando intensamente a beleza presente em cada instante, nos tornamos nós mesmos. E isso não é uma prática fácil, devido aos condicionamentos milenares, herdados do ego. É preciso um grande esforço. No entanto se formos perseverantes e disciplinados, sem desejos a alcançar e sem renúncias a fazer, dia virá em que essa percepção se estenderá a todos os momentos da nossa vida, e não apenas durante a meditação.

Isto ocorre porque o ego se esvai a medida que a consciência se torna plena do agora. Observar continuamente a atuação do ego no palco do dia a dia é um grande antídoto contra a ilusão, uma grande prática para viver Zen. Quem está com raiva? Quem está angustiado? Quem está feliz? Quem deseja isso? Quem se alegra com esse elogio? Quem sou eu? A observação de sentimentos e pensamentos leva ao enfraquecimento da ação do ego sobre nossas vidas, na medida em que já não agimos mais de forma inconsciente, ao sabor das ondas do impulso e do desejo. Tomar consciência da existência do ego significa o início da sua absorção pelo Ser, já que em todas essas situações a testemunha ou observador é o próprio Ser.

Outro exercício importante, muito utilizado na meditação zen (zazen), é sentar-se com a coluna ereta, de olhos fechados, semicerrados ou abertos, e prestar atenção na energia vital fluindo através do corpo.

Isso se explica pelo fato de que uma das formas mais básicas do ego é a identificação do ser humano com seu corpo. Portanto, o hábito de sentar e observar a energia vital que flui em todas as partes do corpo (pernas, braços, abdômen, tórax, etc.), curiosamente, de forma paradoxal, faz com que a pessoa, pouco a pouco, deixe de se identificar com a forma (corpo e mente), e comece a perceber que sua essência transcende o mundo da mente-ego.

À medida que isso ocorre, insights diários, provocados pela dimensão divina, que sempre esteve presente em nós, vão dissipando as brumas da ilusão do ego, guiando-nos em direção à plenitude do vazio, ao sem forma, ao Ser, à essência divina que realmente somos. Tomar consciência do corpo, durante a meditação e também ao longo do dia, não apenas nos ancora no momento presente, como também é uma passagem para fora da prisão do ego.

Isto é viver Zen.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Reflexões em trânsito



Templo Zen Pico dos Raios


A verdadeira busca reside na compreensão de quem somos. Não uma compreensão intelectual, científica, filosófica ou mesmo religiosa, mas a experiência real, diária, o mergulho consciente na essência, no Ser. Perceber a fonte, a origem, onde somos um com o Pai, não depende do acúmulo de conhecimento ou cultura, já que estes são produtos da mente, e esta, por sua vez, origina-se do ego, causa maior de toda ilusão da matrix que nos aprisiona. É preciso transcender o universo dos pensametos, das idéias, do intelecto, da lógica, dos desejos, das palavras, e deixar-se absorver pelo silêncio, pela vacuidade do Ser. Este silêncio muito longe de ser passivo, ao contrário é dinâmico, pois permite-nos sentir conscientemente a intensidade do instante presente, ignorando o passado e o futuro, que são vícios mentais, meras ilusões geradas pela insegurança e pelo medo do ego em perder o controle sobre nossas vidas. O agora é a única realidade que temos. Esse insight consome a busca ao diluir na realidade do Ser a Matrix ilusória na qual estamos enredados. E o melhor é que isso não depende do lugar onde estamos (o ser está em toda parte), nem tampouco dos "ísmos" ou "ístas" que porventura tenhamos um dia professado. Quando chegamos neste ponto da existência, um sorriso brota espontâneo, ao se compreender que nunca existiu busca, nem caminho, nem caminhante, nem tampouco o ato de caminhar e muito menos a meta, pois tudo isso são apenas facetas de uma só realidade: o SER que permeia tudo e todos.

Nota: estou em trânsito por Belo Horizonte, passando férias com minha filha. No domingo, vamos a um mosteiro zen budista, a 1.550 metros de altura, chamado Pico dos Raios, em Ouro Preto/MG. Ficaremos lá durante seis dias, e logo após retornaremos a Brasília.

Gasshô

segunda-feira, 17 de março de 2008

Alquimia



Olho para o céu
das minhas convicções

onde Tuas mãos desenham
diáfanas analogias

que mudam de forma
a cada instante

E eu que antes
tudo sabia

agora

sou neófito
do silencio

e sofro a Tua alquimia.

sábado, 8 de março de 2008

Chá verde com uma pitada de reflexão...


Prazer e dor são apenas aspectos da mente. A nossa natureza essencial é a felicidade. Mas nós esquecemos o Eu e imaginamos que o corpo ou a mente são o Eu. Essa identidade equivocada é que dá ensejo ao sofrimento. O que fazer? Esta tendência mental é muito antiga e prosseguiu ao longo de inúmeros nascimentos anteriores. Consequentemente fortaleceu-se. Precisa acabar antes que a natureza essencial, a felicidade, reivindique seus direitos. Ramana Maharishi

Semana passada, antes de dormir, tomava chá com minha filha de 15 anos, e conversávamos sobre as artimanhas utilizadas pelo ego para não ceder espaço ao Eu superior em nossas vidas.

Em dado momento, entre um gole e outro de chá verde, ela diz: - Pai, lembra o ano passado quando eu fiz quinze anos e fui para Disney? Pois é... Você e a mamãe se surpreenderam por que eu gastei pouco por lá e voltei com boa parte do dinheiro que levei... Minhas colegas gastaram tudo que levaram em compras, mas eu achei muita coisa inútil por lá e então resolvi comprar só o essencial... Será que existe algo de errado comigo? Na minha idade eu não deveria ser mais consumista? Sinto-me às vezes um peixe fora d’água no meio de minhas amigas...

Olhei para ela, tomei mais um gole de chá verde e sorri afetuosamente.... Segue abaixo um resumo das nossas reflexões naquela noite.

O ego se mantém ativo no governo de nossas vidas graças a várias crenças ilusórias. No diálogo acima, pode-se identificar uma dessas crenças, talvez a principal delas, que domina de forma absoluta a sociedade contemporânea: “Mais é melhor”.

A incessante busca do ser humano por mais transformou-se na doença do século, contaminando o mundo de conflitos incessantes, pois como pode haver paz nesse mais-é-melhor?

Analisemos a lógica ilusória da mente egóica que é o alicerce da vida do homem contemporâneo: - Para estarmos satisfeitos devemos estar ocupados, buscando ganhar mais dinheiro do que ganhamos atualmente, e para isso precisamos ser promovidos a fim de alcançarmos sucesso na vida e assim provamos nosso valor.

Viver a vida no círculo vicioso do mais-é-melhor, nos prende exclusivamente ao domínio da dimensão física, excluindo o Eu superior da nossa vida cotidiana, pois a energia interior é inteiramente canalizada para acumulação, aquisição, busca de recompensa, troféus, aplausos, reconhecimento e dinheiro.

E o pior de tudo isso é que esse jogo de escravidão engendrado pela Matrix ilusória do ego nos é ensinado desde muito cedo. A partir da escola aprendemos que somente o primeiro lugar importa, que é preciso sempre ir atrás de graus mais elevados, diplomas adicionais e títulos exteriores que, se de um lado reconhecem o ego, de outro obscurecem o Ser.

E essa loucura do mais-é-melhor é tão habilmente vendida pela mente egóica, que aqueles que não se adaptam a ela começam a se achar problemáticos, com sentimento de culpa, vergonha e até mesmo remorso, pensando que possuem algum desvio psicológico ou mental por não viverem lutando por mais.

No bojo do mais-é-melhor, existe a identificação do ego com o objeto do seu desejo. Essa associação com objetos e pessoas é construída na própria estrutura da mente egóica e leva ao desenvolvimento de sentimentos perniciosos e ilusórios tais como a posse e o apego.

É isso que faz uma criança chorar e sofrer quando perde ou lhe tiram um brinquedo. Não importa se é uma criança rica ou pobre, nem tampouco se é um brinquedo caro ou apenas um pedaço de madeira utilizado à guiza de um cavalo de pau: o sofrimento pela perda é o mesmo. E a causa dessa dor está na identificação do ego com o brinquedo, e está oculta na palavra “meu”.

E quando crescemos essa compulsão inconsciente pela posse faz com que nos identifiquemos com tudo ao nosso redor. Se na infância era o meu brinquedo, na fase adulta é o meu carro, meu corpo, meu apartamento, minha casa de campo, minhas roupas, meu cargo na empresa, meus amigos, meus filhos, minha esposa e meu marido.

Tentamos nos satisfazer e nos encontrar nas coisas exteriores, mas acabamos nos perdendo nelas. Esta é a sina do ego: viver sempre insatisfeito.

Para fugirmos desse círculo conflituoso e cheio de sofrimento chamado mais-é-melhor e atingirmos a paz que flui da nossa natureza última – a felicidade – precisamos abandonar todas essas crenças arquitetadas pelo ego e transmitidas de geração para geração, como se fossem premissas para se alcançar o ilusório sucesso na vida.

Quando nos esvaziarmos dessas ilusões, nosso espaço interior será preenchido pela plenitude do Eu Superior, onde não existem identificações e nem tampouco desejos pois ali é a morada da felicidade e nela todos os desejos estão satisfeitos.
Referências:

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Unidade


No dinamismo do firmamento,
as galáxias em espirais ascendentes
exaltam infinitas possibilidades.

Na estática mesa do apartamento,
as espirais do aroma de chá quente
exalam a finita relatividade.

E em tudo a mesma Presença...

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O que não somos



Vivemos fragmentados. Pulverizados entre passado, presente e futuro, não conseguimos perceber a unidade que permeia a diversidade que nos rodeia, pois a separatividade, característica do mundo das formas, rouba do homem a plenitude do Ser.

Mesmo assim, seguimos em frente, dia após dia, mês após mês, ano após ano, vida após vida, sem encontrar o sentido real da existência, deixando a carruagem da mente ser dominada e levada de roldão pelos cavalos dos sentidos.

Atrás do néctar de um desejo satisfeito surge sempre outro a ser buscado. A ânsia pelo prazer e o medo da dor transformaram-nos em abelhas famintas pelo mel da felicidade. Iludidos, pousamos de flor em flor no jardim dos desejos, mas, ao término de cada jornada diária, continuamos insatisfeitos.

Tudo isso porque temos experimentado, diariamente, a mais poderosa droga ilusória de que se tem notícia: a viagem exterior, para fora de nós.

Agora, é momento de viajarmos para dentro de nós. Encontrar a resposta à pergunta Quem somos nós? – roteiro da viagem interior prescrita por todos os sábios ao longo da história da humanidade – é o único antídoto para a ilusão do ego que aprisiona o homem nessa Matrix.

Kahlil Gibran, inspirado poeta libanês, autor de “O Profeta” disse certa vez que a única pergunta que o obrigava a ficar calado era: - Quem é você? O autor, escritor e sábio, já havia compreendido que qualquer resposta verbal a essa pergunta era um esforço inútil, pois a palavra – expressão concreta do pensamento – pertence ao mundo transitório e impermanente das formas, enquanto nós, seres divinos, fazemos parte do eterno.

Como pode o efêmero explicar o eterno? De que maneira a chama do intelecto, cujo combustível é o mundo relativo das formas, pode iluminar a compreensão do absoluto, que não tem forma?

Mas afinal: Quem somos nós? O grande sábio indiano Ramana Maharishi, diz-nos que no estágio inicial da Busca, é mais fácil respondermos a essa pergunta por meio da reflexão sobre aquilo que não somos.

Compreender o que não somos é o primeiro passo para a libertação das amarras do ego, gerador de toda a Matrix na qual nos achamos enredados.

Não somos um nome. Um nome é apenas um condicionamento que a Matrix nos impõe, levando-nos à ilusória identificação com um corpo, de forma a diferenciar-nos dos demais corpos (pessoas) que nos rodeiam.

Não somos corpos. O corpo é apenas um instrumento para que o Ser atue na dimensão material. Portanto, características físicas como postura, altura, cor da pele, ausência ou presença de cabelos, e peso, que fazem milhões de pessoas no mundo inteiro sofrerem, alegrarem-se e até se envolverem em conflitos étnicos, não passam de mera ilusão.

Não somos a mente. A mente é somente um corpo sutil, e como todo corpo tem início, meio e fim, pertencendo à dimensão da transitoriedade, e em sendo efêmera não pode ser confundida com o Ser. O corpo mental é um instrumento do ego, uma espécie de CPU que armazena todo conhecimento sobre o mundo exterior conquistado ao longo das experiências de inúmeras existências. Conectada aos scaners dos sentidos, a mente funciona à guiza de um filtro, construindo o mundo exterior a partir das percepções recebidas, e interpretando-o de acordo com os conhecimentos acumulados no HD do inconsciente. Dessa forma, o conhecimento da verdade – cujo atributo maior é a eternidade – jamais será obtido a partir da mente, pois suas idéias, teorizações e pensamentos pertencem ao mundo impermanente da formas. Segundo os sábios, somente quando o riacho da mente for absorvido pelo oceano do Ser – essência divina – é que conseguiremos entrar de posse da verdade.

Não somos uma profissão. No cotidiano das atividades diárias, é comum nos confundirmos e sermos confundidos com o papel desempenhado em nossas profissões. Porém, em essência não somos engenheiros, escritores, médicos, administradores, etc. Essas identidades pertecem ao domínio do ego e não do Ser. Precisamos desenvolver a mesma percepção de um ator teatral, que fora do palco tem consciência de que não é o personagem interpretado. Em realidade, cada um de nós interpreta um papel na peça da vida, espetáculo em cartaz neste palco ilusório chamado mundo tridimensional. O que precisamos é perceber que absolutamente não somos esse personagem.

Sobre o que não somos o sábio Ramana Maharishi nos diz:

“O corpo denso que é composto dos sete humores (dhatus), não sou Eu; os cinco sentidos da cognição, a saber: o sentido da audição, toque, visão e olfato, que apreendem os seus respectivos objetos, a saber: sons, toque, cor, sabor e odor, não sou Eu; os cinco sopros vitais, prana, etc. que desempenham respectivamente as cinco funções da inspiração, etc., não sou Eu; mesmo a mente que pensa, não sou Eu; tampouco a ignorância, favorecida somente com as impressões residuais dos objetos, e onde não há objetos ou funcionalidades, também não sou Eu.”

“Depois de negar tudo o que foi mencionado acima como "não isto", "não isto", somente aquela consciência que resta, somente aquilo sou Eu.”


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Devoção


Minhas dúvidas
seculares

estendem-se como minaretes
pontiagudos

ávidos por tocarem
a abóbada

da Tua certeza.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Um conto zen

Um professor universitário visitou Nan-in, o mestre zen, para perguntar sobre o zen. Contudo, em vez de ouvir o mestre, o professor se limitou a falar sobre as próprias idéias.
Depois de ouvi-lo por um tempo, Nan-in serviu chá. Encheu a xícara do visitante e continuou a servir o chá. O líquido transbordou, encheu o pires, caiu nas calças do homem e no chão.
– Não está vendo que a xícara encheu? – explode o professor. – Não cabe mais nada!
– Isso mesmo. – responde calmamente Nan-in. – Tal como essa xícara, você está cheio de suas próprias idéias e opiniões. Como poderei mostrar-lhe o zen se você não esvaziar sua xícara primeiro?

Vivemos assim, como o professor universitário do conto zen, cheios de pensamenetos, teorias, idéias e explicações sobre a vida, que vão se acumulando na mente ao longo da existência, e passam a funcionar como uma espécie de filtro, por meio do qual interpretamos o mundo a nossa volta.

Esta é a ilusória Matrix da qual lutamos para nos libertar: - a mente-ego. Simbolizada no conto zen pela xícara, a mente, no livro “A Voz do Silêncio”, é denominada por H.P. Blavatsky como a grande assassina do real.

A mente constrói o mundo exterior a partir das impressões recebidas pelos sentidos físicos (paladar, olfato, visão, audição e tato), fato este que tanto a biologia quanto a medicina vêm demonstrando a cada dia.

Portanto, tudo aquilo que está fora de nós e que acreditamos ser real, não passa de uma projeção virtual criada pela mente-ego, com base nos conhecimentos e condicionamentos acumulados aos longo de várias existências.

Mas, afinal de contas, o que é real? Segundo os sábios, o maior atributo da realidade é a eternidade, a permanência. Tudo aquilo que tenha início e fim é impermanente, transitório, efêmero e portanto irreal.

Se refletirmos sobre o universo, podemos então dizer que a eternidade é atributo exclusivamente do Ser, ou Eu Superior ou ainda Espírito. Assim, a jornada para compreensão do Ser é a única busca justificável.

Conhecer a si mesmo é o único processo capaz de esvaziar a xícara da mente-ego, libertando-nos dessa Matrix ilusória na qual nos achamos enredados.

Nos próximos posts, vamos conhecer um pouco mais sobre as nuances da jornada do auto-conhecimento, por meio da reflexão sobre os ensinamentos de alguns seres que estiveram entre nós e que lograram atingir a permanência no Ser.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A Busca continua...

Prezados buscadores,

Estamos de volta... Após quase 06 meses de silêncio, retornamos com as postagens do blog "A Busca", agora em novo endereço.

Com uma roupagem mais simples, este blog pretende refletir sobre a necessidade de auto-investigação dos que não se contentam mais com o atual modus vivendis da sociedade, que à guiza de uma Matrix ilusória exalta o ego e despreza o Ser, gerando sofrimento e infelicidade no seio da humanidade.

Quem somos nós? Esta é a pergunta que há milênios não quer calar... Aqueles que conquistaram a resposta tornaram-se sábios, seres iluminados.

Esses mesmos Sábios afirmam que somos perfeição absoluta. Tudo de que precisamos está dentro de nós. O exterior e apenas ilusão, projeção imperfeita dos incontáveis universos que trazemos no âmago do Ser.

A Busca nada mais é do que o esforço diário de cada buscador em tomar consciência da sua própria perfeição.

Sejam todos bem vindos.

Em tempo: alguns leitores já perceberam que não assino mais os posts com nome próprio... Passei a utilizar o pseudônimo Who que acredito ser bastante impessoal... Não há nada de estranho ou especial nisso... É apenas parte de uma estratégia que tracei ao longo dos últimos meses no intuito de enfraquecer o domínio e o poderio do ego em minha vida.